Porque o ativo tem natureza devedora, e o passivo tem natureza credora?

 A visão do senso comum de débito e crédito será deixada um pouco de lado. Esses termos assumirão um significado diferente no estudo das contas do ativo e do passivo. No senso comum contrair um débito é ruim e ter um credito é muito bom.Um bom exemplo são os extratos bancários.

                Os extratos bancários são na verdade pequenos balanços que evidenciam a situação do banco em relação aos clientes (a conta clientes é um direito da empresa “banco” quando este lhe empresta dinheiro e está no ativo da empresa). Quando você deposita dinheiro o banco tem uma obrigação de devolvê-lo (nesse caso, a conta clientes compõe o passivo da empresa; origem de recursos para que o banco possa realizar suas atividades), é um credito que alimenta o passivo. Quando você saca esse dinheiro a obrigação do banco diminui, diminuindo o passivo e debitando o valor sacado.

                O ativo tem natureza devedora. Vamos imaginar cada conta do ativo como se fossem pequenas caixas (clientes, caixa, bancos) e cada caixa tivesse uma pessoa responsável por ela. Agora imagine que a empresa pegue o dinheiro (dela) e deposite nessas pequenas caixas. É como se as “pessoas responsáveis” por essas caixas devessem à empresa. Então a pessoa responsável pela caixa do banco deve à empresa a quantia “X”. Essa pessoa responsável, sendo representada pelo nome da conta, vai constar no balanço patrimonial da empresa como devedora.

                O passivo tem natureza credora por que são valores que a empresa obteve com a confiança dos fornecedores (e demais credores) de que a empresa irá pagar. É só inverter a situação hipotética acima. Agora a empresa não depositou, ela “pegou emprestado” e tem de pagar.Credito tem a mesma origem latina da palavra acreditar.

                Debito e credito não são bons ou ruins são apenas lógicos.

GUERRA, Luciano, Contabilidade Descomplicada. 2ª ed. São Paulo, 2010. Saraiva.